quarta-feira, 27 de julho de 2011

Valeu, Piramba. Até já.


Caro,
tô procrastinando, coisa que faço bem paca.
Aí nada como uma madruga... passei mal ontem, aí tô aqui a esta untimely hora. Pra me despedir com alguma decência.
Escrevo e lágrimas vêm direto: lágrimas de lembranças da nossa convivência recente, virtualmente intensa, presencialmente pontual. Lembro do nosso encontro na escadaria da Alerj, no episódio dos bombeiros. Você olhou pra mim e murmurou: "se esses caras começarem a rezar, eu vou embora". Começaram. Você não foi, apenas virou de costas e olhou pra cima, suspirando. Eu rindo.

A última vez que te vi foi no Lume, mas a gente apenas se cumprimentou. Reconhecimento. Sinal de pertencer a um coletivo. Tão importante pra mim, desgarrada... você nem sabe.
(lágrimas correm soltas, agora. Mas faz parte. É homenagem. Vai em paz. Não é pra te reter, é só falta mesmo.).

Mas no virtual a gente se encontrava era muito.

Outro dia mesmo o Gilson e eu távamos tirando sarro (docemente) das suas declarações de amor online à Luciene Lacerda. E você botava. Vi outro dia a foto: "no bar do Costa, muito bem acompanhado". A foto era dela, claro. Lindos vocês. Lindas as declarações. Nós mulheres invejamos geral gente que tem essa coragem. De falar em público. Ainda mais com sua elegância.

Outro dia mesmo eu dizia, no tuíter : "pessoa mais inspirada da minha TL é Paulo Piramba". E era. Você tava fazendo graça com Dilma e jogos infantis:

"Dilma abre os Jogos Militares e diz que seu objetivo é a Africa, a Oceania e mais 24 territorios"
"Dilma qual foi o jogo dos militares? Abre aí RT : ahahahahahah... eu hj defendi aqui ela abrir. Vc acha q não?"

Li um monte pro AdeA nesse dia, rindo alto. Você disse que tinha voltado do Bar do Costa animadinho.
E tinha o #SigaSocialista, onde vc me incluía e eu tinha tanto orgulho.
E tinha o #eblog, onde você tinha chegado há pouco, e já dava opinião com respeito e sabedoria. Eu brinquei dizendo que minha concordância com você era geracional, fora você eu era a mais velha do grupo (tinha esquecido do Mário, mas não faz tanta diferença assim).
Quando ouvi, em Mauá, à 1:30 da manhã, o recado da Luka, tava indo dormir e chorei um monte. Pensava que minha TL ia ficar tão mais sem graça. Que pensamento egoísta, né. Mas é assim que a gente sente, fazer o quê.

Cheguei de Mauá no domingo e fui pro Catumbi. Não tava todo mundo lá, mas quase. Na hora da saída do caixão uma Internacional baixinho. A gente subiu aquele monte de escada e lá em cima ecoou o grito: "Paulo Piramba, presente!".

Pensei em você indo em direção à luz como me ensinaram, como eu já comentei por aqui que faço sempre. Porque nem deu tempo de te contar que eu acredito em coisas... que não sou de religião nenhuma, mas gosto de um monte delas. Entro e sento em igrejas, em templos vários. Participo de rituais com gosto e alegria. Tudo o que religa é comigo mesmo. Eu ia te contar, um dia desses. Porque a gente ainda ia conversar um tanto.

A gente ainda vai, né. Agora assim: eu daqui, e você daí. Pedi a K, ao Jayme, pra te receberem bem por aí, como tinha feito com Roque no começo da semana.
PQP. que semana.
Cara, é isso.
Doeu mas afinal consegui. Kind of.
Outro dia a gente fala mais.
Deixo o link da sua TL, pra quem quiser dar uma olhada e conhecer a figura que você era.

E o vídeo no youtube da sua participação no seminário do Enlace de outubro de 2010.



Até mais ver, companheiro. A gente continua. E você continua com a gente.









quinta-feira, 14 de julho de 2011

A desgarrada das gentes

Tem um conto de Machado de Assis que se chama "A Desejada das Gentes". E eu sempre lembro como se fosse "A Desgarrada das Gentes". Porque, né - precisa dizer? - essa aí sou eu. Eu na origem. Eu que hoje tenho galeras, tantos amigos, tantos queridos. Mas lá dentro, vive ainda a menina que tinha frio de gente. Que sonhava fogueiras de propaganda de Marlboro. Que olhava para o mundo com os olhos sombrios, os mesmos que reencontra hoje no rosto da cria . Olhava de viés. Com tanto desejo e medo. Com tanta vontade e incompreensão. Com tanto. Vastas emoções e pensamentos (muito) imperfeitos.

Eu não deixo nada ir: mapa sem ar, sabem como é. Sou que nem árvore, acumulo camadas. O que quer dizer que a menina dos olhos sombrios vive em mim. Dói em mim. Mesmo no meio das galeras, no meio das festas. A menina é que me ajuda, por exemplo, quando faço mapas. Ela é que sabe encontrar o ponto de dor de quem tá na minha frente. Ela, em carne viva sempre. E pra sempre. As camadas protegem, disfarçam. Mas qual. Tá tudo igual. Só tem mais estrada. Que dá tarimba e jogo de cintura, mas não muda a estrutura.

A metáfora, na época, para o descompasso entre o jeito-brucutu e o interno-carne viva era a de um jardim que tinha sido pisado por coturnos, e por isso tinha se protegido com arame farpado. Não machucava muita gente: só afastava, e gerava o frio. Frio permanente.

(lembro do vento de Genebra, que tem até estátua na beira do lago e cortava narizes e orelhas nas manhãs de inverno escuro em que Marcelo preparava meu Nesquick e me apressava para a escola: la Bise).

...mas aos poucos foi dando. Fui entendendo como. Fui aprendendo a me comunicar e a não assustar tanto. Hoje quem chega sabe que é bem chegado. Que pode sentar, que pode até tirar os sapatos, quem sabe.
É estratégia de risco: porque às vezes a carne viva, tão tenra, tão frágil, ainda é ferida.
Mas faz parte.
Melhor isso do que o frio.

Nunca mais o frio.

Nunca mais.

Podem chegar, são bem-chegados. Ali tem café, ali tem uma sopa quentinha. A rede tá à disposição. Sejam bem-vindos. A menina se alegra.




domingo, 10 de julho de 2011

Cultura, normalidade, democratização da comunicação




Texto-tarefa sempre é um pouco mais difícil de escrever. Mas vamos lá. Tentando.


O título acima é uma síntese que se formou na minha cabeça nos idos de noventa e tal, no auditório da Faculdade Candido Mendes. Estava acontecendo um seminário do PT, de vários dias, e eu fui a praticamente todas as mesas. Aquela que interessa aqui tinha um título que me empolgava pouco, no qual aparecia em destaque a palavra "cultura". Mal sabia eu.

Quem falava na mesa - e eu ouvia pela primeira vez - era o Luis Dulci. E, mineiramente, pelas beiradas, foi introduzindo seu assunto. Que eu engoli, do qual me apropriei, e que desde então se tornou meu (ia dizer "meu também", mas não sei bem o que ele fez com a parte dele. Enfim.). O assunto era assim, mais ou menos: cultura é algo que se constrói junto com a noção de normalidade. Cultura é o que passa de uma geração pra outra, um jeito de fazer, um jeito de olhar que de tão entranhado parece que é "o" jeito. Por isso, quando a gente viaja, quando a gente lê, quando aprende uma língua nova, a gente começa a ampliar o olhar e a se dar conta de que o nosso jeito de ver não é "o" jeito, e sim "um" jeito. Nem melhor nem pior, apenas diferente, como certa escola de samba carioca. E isso muda a gente pra sempre. Porque estica e transforma a própria noção de "normal", que parecia a princípio tão óbvia. Essa ampliação é fundamental para dirimir preconceitos, pra ajudar a apreender o diferente, que nada mais é do que um habitante de outro portal de normalidade. Uma normalidade diversa da nossa.

E o que tem isso tudo a ver com a luta pela democratização da comunicação e dos meios de comunicação? Ora, nossa capacidade de entender e de apreender está, evidentemente, limitada pelas informações que chegam até nós. Nas ditaduras, parece evidente que as informações são restritas, limitadas, censuradas.

Vivemos hoje numa democracia capitalista. Democracia em que os meios de comunicação estão dominados por poucos. No Brasil, particularmente por poucos. Uma só empresa tem tv aberta, radio, jornal, tv a cabo. Tem vários programas difusores de notícias e de informações, em cada um desses espaços. De que informações? De que notícias? Quem decide? Eles lá. Eles definem. Eles levantam a bola ou cortam. E nós recebemos. No Rio de Janeiro, já houve um tempo em que pelo menos dois grandes jornais disputavam o tempo de leitura dos formadores de opinião. Parece pouco, mas agora só tem um. Que diferença. Para pior. Tantas vezes a gente lê uma notícia e pensa "cadê o contraponto?" Cadê o outro lado? O avesso? O lado B da notícia? Não há. Não aparece. Oculto, disfarçado, invisível. Sem espaço.

E o grave problema é que isso restringe o espaço de pensamento. O espaço de entendimento. A gente acaba se acostumando e pensando que ali, naquele veículo único em suas várias formas, é que está a verdade. Ou a verdade possível, panglossianamente. E quando isso acontece, a gente fica com mais dificuldade de olhar para o diferente: de entender que o diferente é a gente também, olhado de outro lado. A gente fica com menos boa vontade para deixar o outro, aquele que discorda, expressar sua opinião também. Porque democracia, à vera, inclui conflito. Permanente. A paz é o silêncio do medo. Na democracia, as calmarias são conquistadas e impermantentes. Viva. Faz parte. Por mais que seja incômodo e que seja mais fácil quando está todo mundo sentadinho em silêncio. Democracia é meio bagunçado.

Como esse texto começou com uma evocação ao PT, fecho com outra: a imagem de Lula dando entrevista ao Casal 20 da Rede Globo, no dia da sua primeira vitória, enquanto o povo o esperava para a comemoração na praça. E eu chorei vendo aquilo. Não de alegria, de dor de pensar em toda a esperança que esse povo tava depositando naquele, um dos seus, que o deixava esperando para prestar homenagem à Rede Globo.

Queria ter visto um pouco mais errado. Fazer o que. A gente é o que é. Mas sempre é tempo: se não deu ali, vamos brigar por isso agora. A briga é boa. Bora?



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Hoje, no Corecon RJ, sobre Lei Maria da Penha

Esse é um post impressionista, pra ficar registrado. Hoje à noite teve debate sobre Lei Maria da Penha no Corecon. Como estava envolvida à tarde com outros afazeres, cheguei - que pena - depois da apresentação do pessoal do Teatro do Oprimido. Na hora das falas. Falas boas, fortes. De mulheres. Fiquei particularmente (bem) impressionada com a delegada Márcia Noeli. Porque, vocês sabem. Delegada. Já perdi um monte de preconceitos. Já namorei filho de coronel e uma prima querida é casada com um militar (querido, meu primo também, fique registrado). Então. Mas bom, polícia ainda não tanto. Apesar do Hélio Luz, do Rodrigo Pimentel. Do Zé Rubem Fonseca. Enfim. De eu saber que existem.
A delegada contou de quando entrou na polícia, como detetive. Foi exatamente na época da inauguração da primeira Delegacia de Atendimento à Mulher - DEAM - do Rio de Janeiro. Vai fazer aniversário, agora em 18 de julho. Contou de como ela e suas companheiras (eram 300 no total, acho) eram cotidianamente discriminadas pelos colegas. De como é importante ter um espaço exclusivo de atendimento às mulheres: não por conta da necessidade de algum apartheid de gênero, mas porque a nossa sociedade é tão machista que as mulheres não conseguiam ser atendidas. E explicou que a Lei Maria da Penha foi fundamental para dar respaldo legal a esse atendimento - porque antes, mesmo com DEAMs, não havia legislação específica e tudo era regulado pelo Código de 1940. Com a lei Maria da Penha, passou a haver um instrumento legal adaptado para esse trabalho, o que facilitou em muito a vida de quem se dedica a cuidar das mulheres vítimas de violência.
Foi ótimo. As outras falas também foram, mas reproduzo o básico desta pelo singular.
Eu fui lá e me inscrevi pra contar uma coisa, compartilhar outra. A coisa que contei foi o seguinte: andou me caindo a ficha de um certo incômodo que sinto e ao qual eu não conseguia dar nome (nomear seus demônios é dar-lhes forma definida, dizia Claudia Castelo Branco em encontro do SINARJ.) Sou de família 100% nordestina. Três avós pernambucanos, uma paraibana. Essa, de Areia (PB), tinha a história que eu sempre conto de sua mãe Janinha (minha bisavó), a primeira mulher a montar a cavalo "como homem" na cidade. E minha avó botou os filhos no Colégio Americano Batista de Recife porque era o único misto naquela época. E na minha família, pois - dos dois lados - , na minha família pernambucana, mulher taí e tá na briga. É pra dizer o que pensa. É pra brigar, pra defender, pra discutir. E isso, na minha percepção forasteira, é pouco aceito no liberal e libertário (sua bênção, Alex Castro ) Rio de Janeiro. Outro dia tive discussão acalorada em mesa de bar, com gente libertária, liberal: pois bem, mais uma vez se reproduziu fenômeno que percebo freqüente (nova ortografia só quando for obrigatório): homens olhando de lado, meio nervosos, tensos. Mulher discutindo assim não dá. Elas podem discutir, e eu naquele espaço do PSOL sou aceita e acolhida, não me entendam mal. Sou (até) respeitada, ouso dizer. Mas discutir falando alto, ah, isso não dá.
Vocês tinham que ver o tom das discussões que rolam: nego levanta, bate na mesa, xinga. Tudo na mais santa paz. Todo mundo sabe que aquilo acaba ali mesmo, que é paixão na defesa das idéias. Quando são homens. Quando são mulheres, ah, aí... constrange, né. Porque não é que elas não possam falar: todo mundo tem direito de expressar suas idéias. Mas com elegância, por favor. Falando baixo. E eu tenho um jeito meio estúpido de ser, como já dizia o Rei. Mas é assim que eu sei amar vocês, rapazes. É o meu jeitinho. Os brutos também amam. As brutas também. E as... bom, vocês entenderam. Me lembrou horrível ditado francês, que diz bem o que ele diz: "Sois belle et tais-toi". Seja bonita e cale-se. Simples assim. Porque na verdade, à vera mesmo, a gente aqui por essas plagas ainda é meio que café com leite. Em período de experiência. Handle with care.
E isso eu contei, com vários olhares e acenos aprovadores ("nodding", uma palavra que me faz falta). Que em Genebra, no Recife, em Sampa ou nas redes nacionais em que já trabalhei nunca teve problema: eu falava como eu falo, apaixonadamente, e sempre fui bem recebida. Acolhida. Pelo mérito.
Aqui na Cidade Maravilhosa, purgatório da beleza e do caos, já não. Aqui pode falar. Desde que seja baixo. Desde que não constranja ninguém. Desde que. E agora lembrei - porque é assim que funciona minha desbussolada cabeça - da madrasta da Cinderela (não precisa de link não, né, galera) dizendo pra ela que ela poderia ir ao baile, se.... (arrumasse a casa inteira, lavasse as vidraças, o chão, passasse a roupa, produzisse as irmãs Griselda e Anastácia). E quando as irmãs indignadas dizem "mamãe, você a deixou ir ao baile?" - ela só levanta a sobrancelha, dá um meio sorriso e diz "eu disse SE".
E isso, é claro, é a versão Walt Disney da história. Uma linda recontagem. E sábia.

sábado, 2 de julho de 2011

Gracias por la Vida


Pai, tá chegando perto dos sete anos, né. Sete anos já. Um quarto de ciclo de saturno. A "primeira maturidade" da sua ida pra outras aventuras.
Cacete.
Sete anos e o Brassens continua certo: "oui mais jamais au grand jamais/ son trou dans l'eau ne se refermait/ cent ans après/ putain de sort/ il manquait encore".

[pausa para enxugar rosto, senão não dá pra escrever]

Quando você foi, eu tinha ido ao hospital de manhã, com Marcelo. A gente tinha visto que não tava nada bom. E eu disse a você "se for pra ir, vai. A gente garante aqui. A gente cuida". Não sei se você ouviu, mas você foi.
Na hora, eu tinha acabado de chegar em casa quando mamãe ligou. E eu abracei minha força, chamada Felipe e João. Este último, tão pequeno. Abracei forte, chorei com eles. Puta que pariu. Não era pra ser ainda. Você era tão novo. O último aniversário que você comemorou, lembra, você disse que dali em diante só iria comemorar os redondos. E os com 5 no fim. De cinco em cinco. Não rolou, você foi com meia quatro.
Pensar que tão pouco tempo antes, em abril daquele ano, você e mamãe tavam em Minas, na Páscoa, preocupados com o estado de saúde de Márcio Moreira Alves. Irônico. Ele ainda ficou por aqui um bom tempo depois que você se foi. Enfim.

Tô aqui escrevendo hoje - quase que perdia o fio da meada no fluxo de memórias - pra te agradecer, cara. Agradecer pelos anos de conversa. Foram 38. Trinta e oito anos, acho que desde que eu nasci que você conversava comigo. E me ouvia. Sobre qualquer coisa.
A gente tinha discussões permanentes e pendentes, como aquela que gerou esse texto aqui, sobre cotas e impressões forasteiras.

Esse texto começou em Garbatella, Piazza Giovanni da Lucca. Numa conversa que rendeu, como tantas. Você a favor das cotas. Você, amigo de Carlos e Glória Moura. Que tinha pressa de resultados. E eu te dizia "mas é melhor um lugar onde as pessoas têm pudor de se assumirem racistas. No Brasil a gente tem problema de castas: as castas não querem se misturar." E na de baixo tem os "paraíbas", tem os negros pobres, tem tanta gente. Você lembrou de um amigo africano (de classe média ou alta, não sei bem) que disse que o Rio era a única cidade no mundo em que ele não se sentia negro. Pois. A conversa continua, tá em aberto. Eu acho a mesma coisa ainda. Mas sempre posso mudar de idéia. Defendo a minha até que me convençam, com unhas e dentes. Mas mudo.

Tinha aquela outra sempre em curso também, sobre reforma agrária. Nessa, você me convenceu e eu passei a defender sua posição. Comecei com aquela idéia tradicional de que para haver reforma agrária direito era preciso, primeiro, montar infraestrutura, estradas, água encanada, eletricidade. E você dizia "que nada, tudo isso é desculpa pra não fazer. Distribui terra em massa nesse país pra você ver: a infraestrutura acontece, as sinergias vêm, tudo se cria a partir do fato consumado". Você tinha toda razão e eu defendo. Recente pesquisa organizada pelo companheiro Moacir Palmeira (e outros, acho) mostra exatamente isso: nos lugares onde houve concentração de assentamentos - tão poucos, mas enfim - , as sinergias aconteceram, a infraestrutura "se criou". A partir da demanda. Claro. É assim que funciona.

Foi bonita a festa, pá. Nossa festa. Nossa família. A casinha de nós. E hoje, no Leme, recriamos. Seu lugar tá lá, claro, e a gente fala pros meninos - João, Maria, Antonio, Chico, Joaquim - de você, sempre. Felipe teve mais sorte, por ser mais velho. Conviveu de verdade. Você contou histórias pra ele, levou-o pra tomar sorvete. Ele esteve, sozinho, na casa de vocês em Brasília. Pelo menos um. Tom, Chico e Joca você não conheceu: mas não há de ser nada, eles vão te conhecer. A gente cuida.

...era isso, pai. Por hoje. Um agradecimento pelo respeito, pela liberdade. Pelo respeito à liberdade das idéias que você ensinava pra gente a cada dia. Acho que a gente (Marcelo, Ju, eu) aprendeu. A brigar pelas nossas. A mudar quando convencidos. E isso não tem preço, não é. Não tem. Gracias.
Todo o amor do mundo.
Tata.