quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Enamoramento e Relação: Casa V e Casa VII

O que eu gosto mais na astrologia é a forma como ela me ajuda a pensar as coisas: um "recorte do real" que a mim é bem útil. Tenho brincado com a ideia de fazer mais dois blogs (inspirada na Luciana e na Fal), um de economia - ainda não sei que nome teria - e um de astrologia. Esse de astrologia se chamaria algo como "Astrologia - pra que serve". Assim, com uma pegada prática e pé no chão bem taurina. Eu sou muito pouco "esferas" e sou muito "raízes". Não me preocupo muito em acreditar, por exemplo. Sou da galera do "por que não?". E com o "por que não?" vem o "vamos ver se funciona". Então é isso: astrologia, pra mim, funciona. Pra você não? Não vou suar a camisa por isso, não tô aqui pra convencer ninguém. Apenas conto, pro caso de alguém se interessar ou se identificar. 

Um assunto que é legal de tratar em astrologia, porque na cabeça da gente é meio misturado, é esse: a questão do que se chama vaga e imprecisamente de "amor" (aspas, aspas), e que na astrologia pode ser observado a partir da análise das casas V e VII do mapa natal. 

A casa V, tradicionalmente associada ao signo de Leão, trata de tudo o que está ligado à criatividade: responde, basicamente, à pergunta sobre o que nos faz nos sentir mais vivos. Dentre as respostas possíveis está, sem dúvida, o apaixonar-se. A taquicardia, os olhos brilhando, o rosto afogueado, o passo mais alerta, a vontade de cantar e de dançar à toa...



(botei o link acima, e ali aprendi que essa música foi criada para ser jingle de motel... faz sentido...)
É isso. Apaixonar-se, no fundo, tem mais a ver com a gente mesma do que com a outra pessoa, objeto da paixão. É algo que a gente cria, que a gente inventa. Como uma música, como um texto, como uma dança. É claro que as características reais ou percebidas da outra pessoa dão uma âncora pra esse sentimento: mas a ideia da flecha de Cupido é boa, e me lembro de tia Nastácia, que foi flechada sozinha (pela Emília que tinha surrupiado o arco e a flecha do deus) e ficou um tempo assim, apaixonada pelo vento. Na adolescência tem muito isso, paixões platônicas, ao vento, que a gente compartilha com a melhor amiga e pouco tem a ver com a pessoa por quem, supostamente, a gente está apaixonada. É de repente. É reluzente, é vivo, mas é, por sua própria natureza, fugaz.

Já a Casa VII, a dos relacionamentos - e, não à toa, dos inimigos declarados - associada ao signo de Libra, trata de algo bem distinto. Algo que tem a ver com o tempo necessário para "comer um quilo de sal" com alguém. O tempo é fundamental nisso: quem é que consegue mostrar só as qualidades ao longo de meses, de anos? Ninguém, né. Ainda mais se as pessoas forem íntimas mesmo, dormindo juntas, morando juntas. Aí é que você vai ver como a pessoa escova os dentes e aperta a pasta, como ela deixa a toalha após o banho, a pia da cozinha, se faz junto, se espera que façam, se é calma ou impaciente, como leva as rasteiras inevitáveis da vida....  Quando a gente começa a pensar com mais cuidado na casa VII, passa a considerar que talvez os casamentos arranjados não sejam tão absurdos assim - afinal, se a gente entende que as pessoas, ao invés de serem indivíduos "livres" e independentes, à moda ocidental, são parte de uma comunidade, de uma família, de um grupo, e têm responsabilidades ali, os motivos para se escolher um marido ou uma esposa deixam de ter a ver com os efeitos do apaixonar-se. E daí se você não é apaixonada por ele? É um homem bom, tem uma situação sólida, quer filhos. É da nossa religião, a gente conhece a família dele....  enfim, todos aqueles motivos que a realeza nunca deixou de usar na hora de realizar os enlaces de seus filhos e filhas. 
Para além do fato de que isso, evidentemente, não se encaixa com nossa forma ocidental de pensar, a reflexão aberta sobre essa questão ilumina os meandros do "dar certo" ou não de um casamento. A necessidade de acolhimento e aceitação das diferenças e idiossincrasias, a importância da troca pela conversa e, às vezes, pelo confronto, a paciência que vem do reconhecimento de que depois de um dia vem outro dia, e atrás desse muitos outros. Muda, não é mesmo. Muda a perspectiva. Se hoje não tá bom, quem sabe amanhã melhora, com algum esforço? Se desse jeito não tá dando, talvez fazendo daquele outro, ajeitando as peças e os corpos, deixando passar o que não tem real importância. Deixando claro o que não dá para aceitar, se for pra continuar.
A capacidade de rir junto, de ficar em silêncio junto.
Viver a vida é também isso, nos conta a Casa VII. Ir além do apaixonamento e andar ao lado. 

Não sei vocês, mas eu acho bonito. 



imagem daqui

18 comentários:

  1. acho qu entendi errado (ou certo?) na minha casa V não tem nada O_o

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    1. hahaha pera, vou lá ver. beijo!
      Mas, já adiantando: sempre tem algo na casa V. Nem que seja um signo. Que dá a indicação de como é que você leva isso....

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  2. vou ter que ganhar na mega sena - ficar rico já é impossível - para continuar lendo vcs.
    ah, antes que eu esqueça... "eu acho bonito" também.

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    1. adorei a visita. :) e prometo que, se ganhar, divido contigo. assim a gente pode continuar lendo a CT feliz.

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  3. amei o texto. me fez pensar. e fui catar meu mapa aqui. e descobri que. tenho nada em nenhuma das duas casas. talvez faça sentido?

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    1. vc tem um signo, que tem um planeta regente. aí a gente puxa o fio dessa meada....

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    2. Você diz o signo em que está a casa? É que não tem nenhum planeta ali. Mas cinco é gêmeos e sete, leão. Pelo que entendi.

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  4. Acho lindo demais esse andar junto. Rir junto e ficar em silêncio junto. Canceriana, né? ;)
    Adorei o texto.

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    1. acho também. Taurina, né? ;)
      mas sobretudo me dá certa agonia a hiper propaganda do enamoramento e um certo desprezo para essa parte aí da história, como se aí ficasse "sem graça". Como se fosse natural e bastasse estar ali.
      Beijo!

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  5. Eu acho que funciona. Sim. Também é bonito.
    Deu foi saudade de ti desfiando meu mapa... Beijo p tu.

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  6. uhmmm e sol na casa 5? Sendo caprica? Fiquei curiosa. =)
    Bjos

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    1. Ihhh vênus na 5 tb! espero que seja bom.

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    2. eita, não tinha visto esse comentário! tudo pode ser bom, né? cada um sabe a dor e a delícia... :)

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