Foi assim: as amigas todas em polvo rosa por conta de "A Amiga Genial", da misteriosa autora italiana (?) Elena Ferrante. E eu já tinha visto em livraria, já tinha aberto e começado a ler, mas não tinha me conquistado. Aí a Mary W escreveu esse post aqui, já sobre o segundo volume - amei, claro, e resolvi tentar de novo.
Aí, amigos, deu-se uma daquelas coisas que só ocorrem quando se é, como eu, uma dinossaura de livrarias em sua forma física. Entrei decidida na Travessa de Botafogo, e logo perto da porta me deparei com uma pilha de "A Amiga Genial". Peguei o de cima, abri. Li uma página, duas, três e... larguei (vou acabar tendo que ler o resto só pra entender o tamanho da minha dificuldade com um livro desse tipo, que tinha tudo pra eu gostar e recomendado por gente de que gosto tanto). Na pilha ao lado, tinha "Me Before You" ("Como Eu Era Antes de Você", em português. Mas o nome em inglês é tão mais fofo. Por que será que não botaram "Eu Antes de Você"?), de Jojo Moyers. Imaginei - corretamente - que fazia parte do mesmo pacote: best-seller, chick lit. Minha praia, em suma.
Peguei um livro e.... não soltei mais. Li várias páginas ainda na livraria, continuei lendo no metrô de volta pra casa, acabei de ler em dois dias, nos intervalos das obrigações. Por puro acaso, esbarrei com o segundo volume ("After You", dessa vez traduzido direitinho para "Depois de Você") e li tão rápido quanto o primeiro.
Vá você entender o que pega num, o que não pega no outro. Sobre "A Amiga...", ainda não sei, mas realmente pretendo investigar, de tal forma acho estranha essa aversão e esse bloqueio tão pouco característicos. Sobre "Minha Vida Antes de...", tenho uma ideia. A voz me pegou. A voz da narradora, que na maior parte do tempo é a personagem principal, Louisa Clark. Uma moça com gosto por roupas engraçadas, que mora numa cidadezinha perdida no interior da Inglaterra, trabalha num café sem muitas pretensões e de um dia pro outro se vê desempregada. Lou mora com a família e tem um namorado viciado em exercícios e boa forma. Uma pessoa sem grandes questões. Mas que olha a vida de forma divertida, como divertido é o texto do livro. Um livro que poderia ser triste e meloso, já que o próximo emprego de Lou é cuidar de Will Traynor, um tetraplégico jovem e amargo que era extremamente bem-sucedido e dinâmico antes do acidente que o prendeu a uma cadeira de rodas. Eu jamais compraria um livro com a sinopse deste ("jovem sem ambições vai trabalhar cuidando de paraplégico e isso muda seu olhar sobre a vida"), caso não o tivesse aberto na livraria. A história é qualquer uma. A voz, não. A voz é o que me pega: como a história é contada é o que conta. Se me permitem. Um humor tão inglês, bordado em subtons e sobrancelhas levemente erguidas.
Não esperem grandes profundidades: é chick lit mesmo, no sentido não só de ser literatura para mulheres, mas de ser literatura leve, de férias, com um pé no romantismo e sem grandes reflexões. Um livro bom de ler à beira mar, balançando na rede... Mas (me) faz sorrir, me emociona, me dá vontade de conhecer e conversar com a Lou. De ter notícias dela agora, depois de tudo. Diverte, distrai. E não simplifica demais. O final é o que tinha que ser e isso também é uma das qualidades do livro.
Vão lá. Espero que se divirtam tanto quanto eu me diverti.
P.S.
Vi o filme também, cujo roteiro é da autora. O filme não "rende" tanto quanto o livro, mas cumpre a função de manter o tom. É leve, é divertido. Do casting, gostei bem da atriz principal que faz a Lou (Emilia Clarke, a Daenerys de GoT), do rapaz que faz o Will (Sam Clafin, de Jogos Vorazes) e tanto, tanto, do pai dela, feito pelo Mr. Bates de Downton Abbey (Brendan Coyle). Sotaques ingleses, como se deve.
Vi o filme também, cujo roteiro é da autora. O filme não "rende" tanto quanto o livro, mas cumpre a função de manter o tom. É leve, é divertido. Do casting, gostei bem da atriz principal que faz a Lou (Emilia Clarke, a Daenerys de GoT), do rapaz que faz o Will (Sam Clafin, de Jogos Vorazes) e tanto, tanto, do pai dela, feito pelo Mr. Bates de Downton Abbey (Brendan Coyle). Sotaques ingleses, como se deve.