Como toda boa filha de nordestinos, sou chegada a uma rede. Balanço, aconchego, meu pai e meu avô que gostavam de redes. E foi em Carneiros, vulgo paraíso, em casa cheia de redes de frente pro marzão sem fim, que Juliana e André me convenceram a entrar pra essa nova rede - o feicebuque. Então. Eu já tive orkut, mas comecei a achar meio manezice esse negócio de ficar ali, aparecendo, pra... que mesmo? Depois de brincar um tempo de achar gente perdida - adoro brincar disso -, apaguei minha página, sem dó. Ufa.
O feicebuque... eu resistia. Parecia orkut. Cacá, Ju, Priscila tentavam me convencer que não era. "Não é como?" "Ah, você tem que ter pra entender". Caxanga real. E eu resistindo. Algumas notícias, alguns programas começaram a brotar, as pessoas "simplesmente sabiam". "Tava no feicebuque"... cacete. Ok, vocês venceram. Batata frita. E isso foi em Carneiros, na casa de janelas azuis, à beira daquele mar de meu Deus. Foi em Carneiros que eu disse "tá, então quando a gente voltar pro Rio eu entro no feicebuque".
E, como sou mulher de palavra, entrei.
Mal sabia eu.
Vício sem volta. Sem dúvida. Tem gente até que precisa cometer feicebuquicídio pra poder conseguir se concentrar em suas atividades diárias. Eu, desde que o meu notebuque quebrou (há umas duas semanas), fico brincando de exercitar a falta. Só quando dá, só quando os meninos já foram prá escola e eu ainda não fui pro trabalho. Pra ver qual é a extensão do vício e do "cold turkey".Por enquanto, tá dando.
Mas o que eu queria comentar é que eles todos tavam certos: é outra coisa. Bem outra coisa. Tento explicar pra André que é feicebuqueless convicto e desdenhoso: é uma praça. Um lugar onde você encontra a galera, todo dia. Um mural de recados, só que cheio de espaço e de possibilidades.
E me achei na vida. Era isso. Tava me faltando. Que nem quando o google foi criado e eu virei instantaneamente uma buscadora hiperespecializada: era fácil, eu já pensava daquele jeito. Só faltava o mecanismo. O feice é isso também: eu já era daquele jeito, e importunava amigos por emeio - que era sempre fonte de grandes reflexões: tudo o que eu mandava era pensado e repensado no quesito destinatários, e nunca tive lista automática nem mandei "pra todos". Mas me sentia meio que perturbando. Então, que maravilhoso... ali você só posta. Joga garrafas ao mar. E quem se sentir estimulado, intrigado, irritado, vai lá e comenta. E daí, como notou o Cardim (que entrou no fb porque achou que eu o tinha convidado "de verdade", mas virou um pop de feice instantâneo, com seguidores e fãs), todo assunto pode virar outro assunto. Como um fio que você puxa e vai desenredando enredos novos e inesperados. E, no processo, conhecendo novas pessoas, se aproximando de outras que já conhecia. Do virtual para o real. Com infinitas possibilidades. Direto da rede. Vou pra Carneiros, assim que der. Com wireless, se Deus quiser.