segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um brinde ao Chopinho

Começou meio despretensiosamente, quase como uma brincadeira. A partir de uma conversa sobre as diferenças entre homens e mulheres na aula de astrologia. “Será que é verdade que a fidelidade ao chope é só masculina? Será que está vinculada ao pós-futebol? Será que é genético?” Essas profundas questões não encontravam resposta clara, por mais que quiséssemos rejeitar o estereótipo. De fato, não sabíamos. Será...? 
Marcamos um, no saudoso quintal do Balalaica. Depois outro, e mais um... e outro ainda... no começo, a freqüência variava bastante. Do grupo fundador, Pata, Juliana, Renata Figueiredo, Babeth, eu. E temporárias, algumas mais fixas, outras que apareciam de vez em quando. E o chopinho continuando, envolvendo mentes e barrigas. O grupo das “chopinhas” foi ficando mais constante. Uma engravidou, depois outra, mais outra ainda... chopinho fértil. Fértil de conversas, de assuntos, de trocas. Fértil do conhecimento de que havia sim, ali, algo diferente dos outros chopinhos. Os mistos. Os “com eles”.
 Às vezes, um deles comparecia. E ficava na quina, meio na berlinda. Meio ressabiado. No começo mais, quando eles ainda não tinham se acostumado. Estranhavam. Afinal, isso é coisa de homem... ou desacreditavam: é moda, não vai durar. E a gente lá. Primeiro, toda semana. Depois, mais espaçadamente. Algumas integrantes saíram, foram explorar chopinhos estrangeiros. Outras entraram depois e viraram permanentes, fundadoras, chopinhas na alma desde sempre.
Chopinho vai, chopinho vem, estamos agora a adentrar o sétimo ano de chopinho. Sete, número cabalístico[1]. Na astrologia (que, de certa forma, propiciou o começo disso), o número de Saturno, o sétimo planeta, cujo ciclo se divide em partes de sete anos. O começo da maturidade do chopinho. Quando já podemos dizer: vingou. Frutificou. Criou raiz. Os homens se acostumaram, e acho que de certa forma até acham bonito essas mulheres que, devagarzinho, sem entrar em polêmicas de frente, mostram que é possível sim, existir um chope de mulheres permanente. Mesmo que os fluxos femininos, regidos pela lua, senhora das marés e das TPM, façam com que ele ocorra quando flui, onde rola, e não num dia único, determinado, imutável, como é o chope masculino de depois do futebol.
Pra mim, integrante do chopinho, foi também um aprendizado. Sempre tive grandes amigas, mas nunca antes tinha participado de um grupo que se identificasse como grupo de mulheres. Por índole e por criação, tinha até certa implicância com as feministas. E, no entanto, não consigo deixar de perceber a natureza política que existe no chopinho. No mero fato de um grupo de mulheres existir há sete anos, encontrar-se regularmente pra beber, pra falar de qualquer coisa (até de criança!), pelo simples e raro prazer de se encontrar, beber e falar de qualquer coisa. Há qualquer coisa de revolucionário aí. Não sei por que, nem como. E essa constatação não é uma proposta de engajamento. O chopinho é isso aí, é fluido, é regenerador, acolhe a gente quando a gente precisa, com “pautas de chopinho” urgentes e por vezes dolorosas, deixando a gente em paz quando não tá conseguindo participar por um tempo. Mas a gente sabe que o chopinho tá aí e a gente volta pra ele. Que alimenta e regenera, que aconchega e reconforta. Que transborda. Generoso chopinho.
Um brinde à gente, um brinde a ele. Tim-tim!

Rio, 19 de junho de 2006


[1] “Um número especial por diversas razões, o numero sete libera emoções fortes e desinibidas que se manifestam de quatro maneiras: o instinto, a intuição, como desejo, e como amor sensual.” Em http://www.eon.com.br/unilae/unil497.htm

5 comentários:

  1. Hum, choppinho+papo+cachaçinha+petisco c'ocê em qualquer moquifo, tô. Aqui nese Boteco de 1ª, é luxo só !

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