domingo, 26 de junho de 2011

O Mistério Insondável da Homossexualidade Masculina

Li no jornal de hoje: cientistas estão descobrindo que os genes femininos e os masculinos não atuam da mesma forma. O que isso há de querer dizer, não sei. Mas gosto.
Queria era falar do meu fascínio pelo homossexualismo masculino. Fascínio em que entra uma pitada de estranhamento; e, sem dúvida alguma, braçadas de admiração.
Mulheres homossexuais não me encantam assim. Afinal, qualquer mulher está a algumas taças apenas do homossexualismo. Mulheres se beijam, se pegam, se acariciam e se admiram sem nenhum pudor. Em que momento é que o afeto entre duas mulheres cruza a fronteira e se assume como uma relação lésbica? Talvez  nunca. Talvez de repente.
Zona cinzenta. Fronteira ampla e acolhedora de tantos subterfúgios, sorrisos, murmúrios, toques e cafunés.
Os homens  não.
Considero o ofício de aprender a ser homem, e sê-lo a cada dia, absurdamente árduo e penoso. “Arbeit macht frei”, ou “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.
Homens entre homens - sem beijos (!!!), sem contatos.
No máximo (ao sul do Equador) alguns abraços apertados, repletos das palavras de carinho não pronunciadas, úmidos dos beijos não trocados e dos afagos nem mesmo imaginados.
Território perigoso.
 Nada que uma boa dose de Magnífica não resolva, é verdade. Nos fluidos domínios de Dionísio, barreiras cotidianas podem encontrar porteiras entreabertas. E tudo se esvai na ressaca da manhã seguinte.
Por isso, sair do armário para um homem me parece “verás que um filho teu não foge à luta”. Ou seja, coisa de homem. Opção sem volta. Mudança de país, de costumes, de dialeto. Com armas e bagagens. Ou com a roupa do corpo.
Viva eles. Os que ousaram. Meus heróis.



8.06.06    

8 comentários:

  1. Gostei muito, Rê. De fato, os homens têm essa limitação, essa inibição em tocarem-se, mesmo que se sintam tocados. Eu, que adoro beijo e abraço, me sentiria frustrada se fosse homem e tivesse que me conter. Interessantes suas reflexões sobre a "zona cinzenta".

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  2. Pois é, Magdita. Complementei com o video. Acho o Rupert Everett um dos caras mais lindos do mundo. E ele é poderosão. Saiu do armário cedo. Contou que se prostituiu quando jovem, sem grana, querendo fazer carreira. E é maravilhoso.

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  3. Pois é, Renata, suas reflexões me parecem procedentes, sim. Eu só teria duas observações:

    O homem em geral expressa seu afeto até fisicamente, mas é curioso como o procedimento é agressivo. As brincadeiras de luta e briga, extremamente constantes entre amigos, me parecem a forma que eles encontram de demonstrar afeto. Até com as palavras, rola esta afetividade às avessas: xingar o outro é um modo de dizer que ama. Ao invés de dizerem "eu gosto de vc, vc sumiu", os homens dizem "vc sumiu, seu viadinho".

    A segunda observação diz respeito ao uso do termo "homossexualismo", que caiu em desuso por ter implicações patológicas. Eu usaria "homossexualidade".

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  4. Valeu pelo coment detalhado, Alexey. Quanto aos termos e suas implicações, confesso ser meio rebelde com eles... :)
    desde q acompanho isso, passamos de GLS para GLBT para GLBTT para LGBT e... na verdade... a vida continua, não é mesmo... and by God, there will be dancing! beijo!

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  5. Oi, não lembro como vim parar aqui, mas vim. Eu ia comentar acerca do termo Homossexualismo, mas alguém já comentou sobre o termo correto ser homossexualidade. Eu li sobre a sua dúvida das siglas, e isso acontece porque, no começo era GLS, porém, ela deixava de fora os transgêneros, com isso, foi criada a GLBT, para haver essa inclusão, posteriormente, por causa do movimento gay ter se originado no movimento feminista, o L passou a frente da sigla, para dar maior visibilidade às mulheres e também como uma forma de diminuir o "débito" com o movimento feminista. Enfim, espero ter ajudado. :)

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  6. quando conheci camilo, estavamos com uma amiga lesbica que perguntou se ele ja havia beijado algum homem (nao sei como foi a pergunta). ele respondeu com naturalidade que sim, um amigo, e achei tao incrivel da parte dele de dizer isso. acho que isso me fez gostar mais dele. parece idiota, mas... pessoas abertas me inspiram :)

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  7. Então... a mim também... inspiram total. E nisso, acho que a gente tem muito pra aprender com os franceses. Outro dia vi uma entrevista do Jean Wyllys (deputado federal pelo PSOL e gay militante) contar que quando era criança, gostava de desenhar, de ler (!!!!!!!) e não de futebol. Por isso, no interior da Bahia, já era discrimiado. Acredita? Puta sociedade machista pra caralho, sô. Eu que sou mãe de meninos tento cuidar disso todo dia. Pra eles desabrocharem sem precisar prestar esse tipo de contas à hipocrisia. Mas é duro.

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