Fim das festas, começo do ano após o ano novo. Já passou até o dia de Reis, a árvore foi desmontada (ou teria sido caso aqui houvesse alguma). Na casa da minha mãe, o presépio foi guardado, que lá é com isso que se lida. Retomada do meme dos livros: agora vai! Onde se lê "em um mês" leia-se "em um ano e alguns meses" (comecei em setembro de 2011). Tempo: esse deus fugidio (Chronos, sua bênção).
E... bom. Eu não tinha escrito ainda, mas já tinha olhado pra começar a pensar. Escrevo de uma vez, normalmente: mas rumino muito. Parece espontâneo, e de certa forma é. De outra, é tão revirado, testado, pensado, criado... tudo monólogos internos. Às vezes intensos, tipo discussão de um. De uma, no caso.
E tô enrolando. E não sei bem que livro é esse. Já falei nesse meme de A Ilha das Borboletas Azuis, do Cony, e sobre outros que li para a escola, aqui . Também de "Le Lion", de Joseph Kessel, que eu amei e conheci através da escola. Não serão esses, pois. Não sei bem. Tem "Esaú e Jacó", um Machado de que só gostei porque li pra escola. Seria interessante fazer o paralelo com "A Leste do Eden", de Steinbeck, talvez. Histórias de irmãos. Castor e Pólux. Rômulo e Remo. Sylvinet e Landry, de "La Petite Fadette" - George Sand. Histórias de irmãos. Claro-escuro. Luz e sombra. Complementos. Opostos. O signo de Gêmeos.
Li "Vidas Secas" para a escola, e muito me impressionou. A secura do texto reproduzindo a aridez da terra. Das pessoas. Silêncios. Cortantes. A cachorra Baleia. Um livro áspero. Que dói.
Li também, em dupla - e talvez já tenha mencionado isso em outro post -, "O Pagador de Promessas" e "O Auto da Compadecida". Amei todos dois. O efeito colateral foi, evidentemente, que muita gente misturou os nomes dos personagens e, em vez de escreverem João Grilo e Zé do Burro, escreveram João Burro e Zé do Grilo. Ou algo similar. Mas né. O André Valente, que era meu professor de português na época, riu e desconsiderou o erro. Concentrou-se no que importava. O André Valente não ligava para filigranas: a tarefa dele era fazer a gente gostar de ler e de escrever, e isso ele fazia tão bem. Foi um bom ano pra literatura, o primeiro ano do 2° grau, ex-científico, atual ensino médio (e pra que tantos nomes, meu Deus).
Pra escola li também "Dez Dias Que Abalaram o Mundo". John Reed. Esse tá muito bem contado no post da Niara - de quando ela fez o meme. Eu gostei imenso do livro também. Embora meu "Dez Dias" tenha sido bem diferente do da Niara: os livros são eles mesmos e o que a gente descobre neles, o que a gente guarda deles. O que a gente ouve. (eco do Karydakis citando alguém: "Les meilleurs livres sont ceux dont le lecteur fait lui-même la moitié". Os melhores livros são aqueles de que o leitor faz a metade. E não são todos?).
José de Alencar: "Senhora". Amor, desprezo, ambição, vingança. Tão aí os elementos. Sedução, sensualidade. Senhora. A mulher como dominadora. O homem rendido e suplicante. Um livro de que se fala pouco hoje em dia. Gostei tanto quando li. Gostei tanto de ter lido. E só li porque foi pra escola. Comento sobre ele e tenho vontade de ler de novo. Acho que nunca mais, depois da escola. E, quem sabe, esse povo todo em furor por conta dos tais "50 Tons de"... ( que não li, como comentei aqui) devesse ler também: outra perspectiva, quem sabe.
Entrou por uma perna de pinto, saiu por uma perna de pato: o senhor rei mandou dizer que contasse mais quatro.
Confesso: não tenho livro favorito de escola. Mas foi divertido fazer essas evocações. Que são como viagens: vou lá buscar as histórias. Volto pra contar um pouquinho. E, se alguém ler e se divertir, tô no lucro.
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Vou ali porque hoje é aniversário do pequeno. Do meu pequeno. Sobre quem não vou escrever. Pelo menos não hoje.
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