quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Uma carta para vovô Marcos



*Por Maria Lins
   Sempre fui uma pessoa que gosta muito de ficar pensando nas coisas. em todas elas, de reparar nos detalhes, nas pequenas coisas, por aí vai... E eu sempre acabo me perguntando o porque das coisas acontecerem. Por que tudo que é bom dura pouco? E muitos outros porquês que ficam entalados aqui dentro de mim. Dessa vez não foi diferente, tinha acabado de ler um texto incrível que minha tia Tata fez sobre você, desabei.
  Constantemente vejo pessoas falando de você, todas com gosto, com carinho e com saudade. E me pergunto: por que eu não tive a oportunidade de te conhecer melhor? De saber das suas manias? De te contar as novidades? Tantas perguntas que eu gostaria de te fazer, tantas histórias que eu queria ter ouvido de você, tantos abraços que eu queria ter te dado. Você deve ter sido mesmo um sujeito muito especial, tenho certeza que a gente se daria muito bem, apesar de nossos signos não combinarem taaaanto assim... Ah, isso é uma coisa que eu gostaria que você soubesse; eu acredito em signos e tenho um interesse enorme por esse assunto. Minha mãe às vezes fala como era seu jeitinho virginiano na mesa de jantar, acho engraçado. (Ela pegou algumas das suas manias, principalmente aquela que não pode passar pimenta direto pra pessoa, tem que primeiro colocar na mesa, e assim, a pessoa pode pegar para usar também.) Já meu pai fala que você foi o pai que ele nunca teve. Conta de como vocês se davam bem e de como você era culto e adorava bater um papo com uma comidinha e uma bebidinha gostosa pra acompanhar. 😊
Maria e Vovô Marcos
  Como é possível sentir tanta falta de alguém que você quase não conheceu? Não entendo. Talvez não tenha explicação pra isso, Nem pra você ter ido tão cedo, com 64. Os médicos nunca souberam dizer o por quê. A real é que ninguém sabe o por quê. A vida tem dessas. E aí fica aqui dentro de mim esse sentimento de como seria se você estivesse aqui, o que você ia achar de mim, do meu jeito, das coisas que eu gosto... É, eu sei, é uma incógnita.
 Mas assim eu vou levando a vida, juntando as fotografias que eu vejo suas, alguns textos sobre você, as histórias que me contam, com a ideia que eu crio em minha mente do virginiano/amigo/profissional/pai/avô maravilhoso que você foi. Às vezes isso basta, às vezes não. Na maioria das vezes eu lembro e fico feliz. Às vezes eu lembro e dá aquela vontadezinha de chorar, e choro. Pra mim é muito cruel a ideia de que quando uma pessoa se vai ela simplesmente não está mais aqui, então, eu permaneço acreditando que mesmo você não estando aqui fisicamente, vai estar sempre por perto.
E que alívio que dá. ❤

com carinho e com saudade, Maria.



15 comentários:

  1. Minha vó paterna morreu quando o Samuel tinha 3 meses. Chorei aqui. Que texto incrível, dá meu abraço e apreço pra ela.

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    1. Darei sim. E um beijo pra você!

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    2. Só consegui ler agora... Me debulhando no ónibus... Muito amor para a Maria e essa família tão especial.... E pode contar para ela que o mundo se tornou um lugar bem pior sem o Marcos por perto...

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    3. Babs, este comentário é de 2016, mas só agora vi q era seu.
      Muitos beijos e muito carinho pra vc, q era amiga dele.

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  2. que belíssima escrivinhadora de cartas a Maria! lindo, lindo, lindo... beijo pra ela. <3

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    1. Beijo, Ni. Dou o seu tb. :) O cara ia achar tão bacana essa neta escrevendo desse jeito, viu.

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    2. se ele continua por aqui de algum jeito está explodindo de orgulho.

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  3. Que bonito, Maria! É isso, as pessoas que a gente gosta estão sempre por perto, mesmo estando longe. bjs

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  4. Que linda, a Maria. Chorei também. Eu tenho essa mesma sensação a respeito da minha avó paterna, que eu nunca conheci.

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    1. eu também não conheci a minha avó materna. e conheci, pelas histórias. assim como o avô de Maria. e a sua avó. beijo, Ana!

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  5. Maria minha querida:
    Passei um tempo 'me escondendo' desse texto. Sabia que ia doer... e doeu... Mas é lindo perceber que o amor verdadeiro não tem medidas, limites ou tempo...

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