domingo, 16 de dezembro de 2012

30 livros em um mês - dia 19 - O livro de não-ficção favorito




Eita. O Pádua não vai nem acreditar que eu retomei isso. Mas decidi: dos fios não-amarrados, escolhi amarrar um que dá. Esse aqui. Começo de limpeza na mente... final de ano, gente.

Confesso: parei meio por dúvida, meio por preguiça. Dúvida: tenho muita dificuldade de escolher "favoritos". Não gosto. Tantas possibilidades. Tantos quereres diversos e saborosos.
Mas mesmo assim: um de que goste muito. Tinha escolhido "Esta Noite, A Liberdade". De Dominique Lapierre e Larry Collins. Um relato romanceado do processo de independência da Índia - e, por tabela, do Paquistão. Que depois se desmembrou em dois: Paquistão e Bangladesh. Desde esse livro, sou "amiga" de Lord Mountbatten, o último vice-rei. De Gandhi, por suposto. De Jawaharlal Nehru, que viria a ser o pai da ministra Indira Gandhi. (e escrevi o primeiro nome dele sem olhar: fui checar depois, mas é isso mesmo. Memória visual continua em cima.).  Um livro que puxou muitos outros: livro cabeça-de-fila, como os do Monteiro Lobato sobre mitologia foram também. Credito meu caminho na astrologia ao combo "O Minotauro" + "Doze Trabalhos" versão Lobato. Ali começou. E dura.

Acabei escolhendo outro (não escrevi sobre isso esse tempo todo, mas quem disse que parei de pensar no assunto? muitas e intensas reflexões sobre qual seria o próximo. Se houvesse): "O corpo tem suas razões", de Thérèse Bertherat.

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Esse, como tantos, li porque minha mãe ganhou de aniversário. Li e me encantou de tantas maneiras.
Sou taurina, né. Touro = corpo. Touro está associado ao período na infância em que a criança toma consciência do seu corpo. Meu. Possessivo taurino. Minha mão, meu pé. Minha coluna.
Eu sou meu corpo. Que ocupa espaço. Que sua, que treme, que se arrepia. Que dança, que anda, que canta. Eu. Meu corpo.
É disso que o livro fala. História na primeira pessoa: T.Bertherat tinha acabado de perder o marido, "le docteur Bertherat". Estava perdida, deprimida, sem conseguir se cuidar nem cuidar dos filhos. E nisso encontrou, meio por acaso, uma sala onde se fazia algo que não era ginástica. É um relato de superação e de reencontro consigo mesma. Ela e seu corpo. Que tem suas razões, como o meu.
E dali, como Bertherat, encontrei novos caminhos. Meu corpo de adolescente era sofrido: tenso de golpes não-esperados, travado de medos nunca confessados. Meu corpo-trambolho. Meu corpo-armadura. Ninguém via isso: mas eu sabia, só eu sabia.
De repente,uma fresta. Uma passagem possível. Com muito esforço, muita ralação, é certo; mas disso nunca tive medo. Não vim a passeio, por mais que possa parecer diferente. É muito, é pesado, é intenso: eu. Meu corpo. Que, a partir do livro e da busca "na vida real", foi encontrando caminhos. Flexibilizando. Adquirindo precisão. Aulas e aulas. Nomes importantes no meu caminho de entender as razões do corpo: Angel Vianna, claro; Esther Weitzman, da Casa de Pedra; Neide Neves; e, por fim mas nunca por último, minha irmãzinha Adrianne Ogeda, parceira nesse início de busca, professora em outros momentos.

Hoje, faço pilates no Pulsar, com a querida Érika Reis. Novas procuras, explorações. Mas é outra coisa: já sei que meu corpo sou eu, já conheço caminhos, já destravei tantos nós. Dobro pra frente e encosto a palma da mão no chão: parece natural, mas lembro que aos doze anos mal chegava aos joelhos. Lembro da médica que disse que eu tinha uma escoliose irreversível e que teria que usar colete ortopédico por muito tempo. Inda bem que minha mãe foi ouvir outras opiniões.

O corpo tem suas razões. Meu corpo tem suas razões. Meu corpo sou eu, e pela seta que levava ao caminho menos percorrido agradeço a Thérèse Bertherat.











4 comentários:

  1. Amei que você voltou pro meme. Acho que o relógio e o calendário estão aí de suporte, não de amarras. E amei o post. Porque eu acho que eu, bom, nunca descobri meu corpo, sou toda ele e sou toda outra coisa também, tanto que esbarro, tropeço, derrubo (mas nunca caio, engraçado, né).

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  2. Seu texto me ajudou a encontrar o presente de natal perfeito e me deixou com vontade de ler o livro tbm. Vc começou o pilates depois do livro ou tbm fez alguma outra atividade? :)

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    1. Ih, o livro é bem pré-pilates! Mas comecei a fazer trabalhos de corpo na linha "antiginástica" a partir do livro. Tá mais ou menos listado na postagem: Angel Vianna, Esther Weitzman, Neide Neves... pilates + ioga é minha meta agora. Por enquanto, só pilates!

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