quinta-feira, 19 de maio de 2016

Nossa praça, pelas beiradas, contra o vento


Ainda tô assim meio que pairando numa nuvem de alegria com o nascimento da Central do Textão. Eu tava lá, sabia que ia rolar, conversei, discuti nome, formato, vi brotando.... mas depois que nasce tão bonito, a gente chega fica assim, sorrindo orgulhosa como se tivesse feito muito mais do que realmente fez.
Porque é nosso. A praça é nossa, como diziam eles. A praça é do povo, como dizia ele. Chupa, tio Zucka. Agora a gente não vai mais te dar post de presente: a gente tem uma praça. A gente voltou a se visitar, a se comentar. Voltou a ir nos cantos das umas e dos outros, pra passear. Fora do seu negócio.
(Claro, a gente usa seu espaço pra divulgar, mas a sensação é outra. É diferente. A gente é que tá aproveitando.)

E aí vim de novo, no dia seguinte, aqui no bloguinho que não aguentava mais acumular teias de aranha e poeira. Vim pensar sobre esse caminho, que começou mesmo nos blogs e nas pessoas visitando as caixinhas. O feicebuque mudou a relação - e, sim, aprofundou, cotidianizou algumas -, assim como o tuíter: mas a gente já se falava, já se olhava meio de lado, meio de longe. Já tinha vontade de tirar pra dançar, embora talvez com certa timidez.



Eu uma vez, em outro textinho aqui mesmo, disse algo que me define muito, e que eu reputo ser arte da minha lua ascendente: "ou é com intimidade ou não será". Sou a antítese das relações de boteco, das carioquices de praia, apesar de ter aprendido a lidar com elas. Falo, é claro, cumprimento, sou educadinha e até gentil. Mas as relações em que acho graça de verdade são essas aí, em que se conversam profundezas, em que se vislumbram abismos, em que há que se lidar com feridas mal fechadas, dores, ressentimentos, mágoas. E também alegrias fundas, abraços que engolem, chamegos, cafunés, colos. Beijos de língua, porque não. Que deslizam. E um dia a gente presta um pouquinho mais de atenção e não sabe mais dizer a diferença daquilo pro que chamam de amor. Do qual só sei falar pelas beiradas. É grave, é imenso, é desse jeito.

Paro, rio um pouco: esse texto já mostra, né? Comecei falando da praça que é a nossa Central e acabei escorregando até falar de amor, de que não sei falar. E assim se fazem as histórias, os caminhos, assim chegam os amigos. Não de galera: não sei ser de galera. Descobri, porém, que sei construir galeras. Assim, de pouquinho, de conversa no pé do ouvido em conversa no pé do ouvido. Com um, com outro. Um chope (eu bebo sim..... será que alguém ainda não notou?), um cigarro, uma risada: marcas, pegadas, cicatrizes. Afetos. Tatuagens. O que me transforma, o que abre meu mundo e cria novos espaços.
O que dá força e vontade de seguir caminhando contra o vento.
Alegria. A prova dos nove.




10 comentários:

  1. eu também estou bem feliz com a central. Animada. Envolvida. lendo, comentando."A minha seara é a das palavras discursivas" disse a Clarice, e eu li e acreditei que se um caminho é possível pra mim, é esse.

    daí porque nas caixinhas de comentários é onde eu realmente me divirto. letras que vão e vem. encontro.

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  2. Respostas
    1. :)))) vá se achegando, puxe uma cadeira aí... tem café, quer?

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  3. Vim só dizer, ai, que lindo, olha o Chico.

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  4. Ahhhh, também estou adorando esse renascimento.
    Que se mantenha! :)
    Música maravilhosa. ��

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  5. Olha que engraçado. A parte do seu post em que você fala da Central me fez pensar: é isso, estamos criando um salão de baile, uma grande e nova festa. E aí você começou a falar de amor.
    Não é bom quando festa, amor e baile se juntam?
    Amando seu blog!

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