E o de hoje, que eu demorei à beça pra definir, é "um livro que lhe faz sorrir".
Sorrio. :)
E o livro, que já foi, voltou, foi de novo e agora é, vai ser "84, Charing Cross Road". Que em português foi editado depois do filme - só isso justifica o ridículo título "Nunca te vi, sempre te amei".
(Fabinho, essa pauta, depois da dos esmaltes, também é boa - quem redige os títulos de filmes em português, e sobretudo: quais são os critérios? Pauta de Piaui...).
Mas o livro: eu li depois do filme. No filme, Anne Bancroft e - pela primeira vez - Anthony Hopkins. Me apaixonei perdidamente pelas rugas em torno dos olhos azuis, e pelos subtons. E, apesar do cinema americano tê-lo maltratado tanto, não consigo não seguir apaixonada. Marcas na alma que se vêem nos olhos.
Adoro livros epistolares: meu lado voyeur (mas quem não...?). Adoro cartas, escrever cartas, receber cartas. Uma prática em desuso, infelizmente. Se o computador tem a vantagem da instantaneidade, não dá pra não sentir saudade daqueles momentos de envelope fechado - de reconhecer a letra, de sentir o volume. Saber que a outra pessoa pegou naquele papel, ver as hesitações, o aproveitamento do espaço restrito, os desenhinhos às vezes.
Cartas e livros. Por suposto. Como não me encantar com essa história real de gente que escreve cartas e compartilha a paixão pelos livros? Essa história delicada e duradoura, de amizade e solidariedade, que atravessa a guerra que um viveu e a outra não, que afeta a livraria Marks and Co. inteira, onde Helen Hanff - uma ariana, me diz São Google - se tornou pouco a pouco uma amiga de todos? E tudo a partir de um contato que tinha tudo para ser meramente funcional, meramente comercial...
O livro é composto das cartas. Cartas reais. O que dá um gostinho a mais, claro. Saber que aquelas pessoas não saíram da imaginação de nenhum poeta: a poesia tá no mundo pra quem tem olhos de ver. Uma delícia ver os pedidos tão pessoais de Helen, suas reclamações com eventuais edições insatisfatórias, as explicações e respostas do livreiro Frank Doel - primeiro sucintas e formais, depois mais e mais pessoais, sem nunca, no entanto, ultrapassar a invisível barreira do que pode ser dito em público. Acompanhar o envio dos pacotes durante a escassez da guerra, os agradecimentos do pessoal da livraria e da esposa de Frank - que confessou ter ciúmes dessa história, mas o que fazer diante de uma história tão bonita e verdadeira, e que, além do mais, não cruzava nenhuma das fronteiras que lhe teriam permitido esbravejar e se dizer traída?
O livro contém, além das cartas que se encerram com a brusca comunicação do falecimento de Frank, o relato de Helen Hanff da sua visita a Londres, de seu encontro com a esposa e as filhas do livreiro. Como um p.s. à história.
Uma delícia de livro. Que, só de lembrar, me faz sorrir.
Eu me encanto com filme, livro, Hopkins. E me encanto com seu jeito especial de ver o que há pra ser visto. Eu escolheria esse como um livro que me fez chorar, porque, ah, porque sou uma boba. Mais na frente no meu meme você vai ver o que eu acho das cartas. E, quem sabe, até topar escrever uma pra mim ;-)
ResponderExcluirQue post lindo!!! A história do livro que te faz sorrir me fez sorrir por tabela. :)
ResponderExcluirEu não digo que a Lu é uma subversiva perigosa??? (CORRÃO!)
ResponderExcluirEla quer subverter esse novo internáutico e imediatista com "cartas". Como assim, fia? Já avisou os Correios? É bom se solidarizar com a greve lá, pra começar... Rá!!!
A gente espera a greve acabar e começa uma correspondência temática, que tal mulheres?
ResponderExcluirEu topo! Em breve estarei na estrada e vocês receberão cartas do "estrangeiro". Chique isso, não? :P
ResponderExcluirUsando a caixinha da Renata pra meus arroubos: vou cobrar d. Niara. Adoro receber cartas, postais, telegramas, o que for (uia, escapou o segredo).
ResponderExcluirIh, vou adorar! Formô, assim q acabar a greve dos correios a gente apresenta nossas letrinhas. Pq tem que ser à mão: não vale imprimir!
ResponderExcluirCorrendo ali me matricular no cursinho de caligrafia junto com a auto escola.
ResponderExcluirEu tenho carteira (de motorista), mas não dirijo. Dia desses conto essa. Escrever, escrevo, apesar do meu calo ter diminuído muito. Mas ainda vou pra reunião com caderninho e não c notebuque.
ResponderExcluirClaro que são cartinhas à mão, mulheres. E minha letra já não é a mesma, mas com gentileza e paciência vocês desvendam ;-)
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